🙏 E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará

 

 

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"

 

Há muitas coisas das quais devemos ser libertos, mas de que libertação Jesus está falando?

Por muitos anos entendi que a libertação tem a ver com o pecado, diabo, da escravidão humana ou de alguma enfermidade. A palavra libertação ou liberdade sugere também uma escravidão. Se alguém precisa de libertação é porque está em alguma escravidão. Mas de qual escravidão Jesus está falando?

Todo homem que nasceu neste mundo, com exceção de Jesus, nasceu escravo. E se toda pessoa nasce escrava de coisa, isso significa que ela precisa ser liberta, para viver uma vida plena como Jesus disse em Jo 10.10.  

Mas não há muito mistério nisso, não

Vamos analisar, por onde começa essa libertação? A causa da libertação pode ser chamada de: salvação, novo nascimento. Salvação e novo nascimento são sinônimos. Não há salvação sem novo nascimento e vice versa. Esses termos são os mais comuns entre os cristãos, mas há outros considerados mais universais. Por exemplo, iluminação, reconexão, despertar  e ressuscitar.

Iluminação, porque escravidão é o mesmo que treva. Reconexão, porque escravidão é o mesmo que distanciamento ou desconexão de Deus. E despertar, porque a escravidão é o mesmo que sono. Ressuscitar, porque escravidão é o mesmo que morte. Paulo disse: “Pelo que diz: desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará” (Ef 5.14). Com este versículo fica entendido que esse é o sono da morte espiritual.

Vivemos em duas dimensões de sono, uma quando estamos dormindo no sono físico e outra quando estamos no sono da vigília, sono espiritual, mesmo fisicamente acordado. Na segundo Paulo chama de  sono da morte e é nesta dimensão que todos estão antes do novo nascimento (Iluminação = Reconexão). Sonhamos em todas as duas. No sono físico acordamos todo dia e assim os sonhos são desfeitos; no sono espiritual (sono da morte), sonhamos o tempo todo e só acordamos quando somos reconectado com Deus.

Onde está verdade que liberta e como nos libertar?

Vamos responder primeiro a primeira parte dessa pergunta. A verdade que liberta está dentro de cada um, mesmo daquele que nunca se ligou pra Deus, ou mesmo do pior homem que tenha vivido na terra. Jesus disse: “O reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17.21). Essas palavras foram ditas não a cristãos consagrados e sim para os fariseus, o seguimento religioso mais hipócrita da época; mas mesmo assim Jesus disse: “O reino de Deus está dentro de vós”. Isso deixa bem claro que independentemente da pessoa ter alguma experiência com Deus ou não, o reino de Deus está dentro dela. A posição dela sobre isso, se ela vai ativá-lo ou não, é outra história. Mas aí está verdade que liberta. Ela precisa alinhar-se com Espírito Santo, que habita no espírito dela. A verdade que liberta está dentro de cada pessoa. Ela só precisa ter consciência disso e viver de acordo com ela. 

Cremos que é na dimensão espiritual do homem que está esta verdade, esse reino de Deus. Nessas palavras de Jesus está a verdade que liberta, cabe ao homem se valer delas ou não. Se o homem tem a predisposição para essa verdade ele vai procurar um meio para conhecê-la. E o homem só pode descobrir essa verdade dentro dele, procurando pelo autoconhecimento. Ninguém pode conhecer verdadeiramente o reino de Deus a não ser através do autoconhecimento, pois o reino está dentro dele! Ele não vai achá-lo em outro lugar! Essa é a única maneira segura para se conhecer a verdade. Quando buscamos conhecer a verdade por leituras de livros, sejam eles quais forem, caminhamos para confusão. Toda escrita está sujeita a manipulação do homem. Mas quando procuramos conhecer a verdade pelo nosso íntimo (espírito), a mesma nos é revelado de uma forma cristalina, sem margem de erro ou dúvida. Nos livros só encontramos orientação para conhecermos a verdade no nosso interior. A Busca, no entanto, é um particular de cada um; depende do esforço pessoal de cada.

Cremos que quando temos consciência desta verdade dentro de nós,  ela se tornará o nosso verdadeiro ser, sem conhecimento de nascimento ou de morte, juventude ou velhice, saúde ou doença — apenas a eternidade do ser harmônico. Esta verdade desfaz todas as ilusões dos sentidos, e revela a infinita harmonia do nosso ser; desfaz a mortalidade e revela nossa imortalidade. Devemos nos livrar de qualquer coisa, em nossos pensamentos, que não seja a divina Presença, o Eu Real (o espírito), para podermos beber a pura água da Vida e comermos o pão espiritual da Verdade.

 Temos de livrar o nosso coração dos erros do nosso eu, da obstinação, dos falsos desejos, da ambição e da ganância para refletir a luz da Verdade, como um diamante perfeito reflete sua própria luz interior.

Todos os acontecimentos do nosso dia-a-dia nos oferecem novas oportunidades de usarmos nossa compreensão espiritual, e cada uso dessas faculdades espirituais resulta em maior percepção espiritual que, por sua vez, nos revela sempre mais e mais da luz da Verdade.

Cremos que quando reinterpretamos as aparências e os fatos da vida diária nos termos da nova língua, a língua do espírito,  a consciência sofrerá uma expansão contínua, até que a tradução ocorra automaticamente, sem a necessidade de se pensar.

 Isto tornar-se-á um estado habitual de consciência, uma percepção constante da Verdade. Só desse modo poderemos ver nossa vida se desdobrar com harmonia a partir do centro do nosso ser, sem que para isto precisemos conduzir qualquer pensamento. Nossa vida, em vez de ser uma sequência de "demonstrações", tornar-se-á o feliz, harmonioso e natural desdobramento do bem. No lugar dos contínuos esforços para atrair o bem, vê-lo-emos emanar visivelmente a partir das profundezas do nosso próprio ser sem esforço consciente de nossa parte, quer físico quer mental. Não mais dependeremos de pessoas ou circunstâncias, nem mesmo do nosso esforço pessoal. A iluminação espiritual nos permite abandonar os esforços pessoais e confiar cada vez mais na Divindade, em Deus, que se revela e desdobra como cada um de nós. O esforço só existe até a Iluminação, a partir daí, ele não é mais necessário.

Jesus disse a Nicodemos que quem não nascer novamente não pode entrar no reino de Deus; no versículo acima ele disse que o reino de Deus está dentro de cada um. Nesse reino do qual Jesus falou está a verdade que liberta. Ele disse também que o seu reino não era deste mundo, isso significa que há uma dimensão dentro de nós que não é deste mundo; essa é a dimensão espiritual e é nela que esta verdade precisa ser descoberta; é nela que Deus habita.

Só acessamos este reino para termos consciência da verdade, quando o nosso eu (=ego) é eliminado. E esse “eu” é eliminado quando nascemos de novo; quando há em nós uma plena renúncia. Não entendo o novo nascimento como se ensina na totalidade das igrejas. Dizem-se que alguém nasce de novo, quando aceita Jesus, mas continua com o potencial para fazer as mesmas coisas que fazia antes. O novo nascimento acontece, na verdade, quando o “eu” é eliminado totalmente, morto. Aí, então se morre para o mundo, para o “eu” e renasce para Deus e seu reino. Não é possível viver para Deus e para o “eu” ao mesmo tempo. É simples assim. Ou você vive para o “eu” ou vive para Deus. Quando o “eu” é eliminado, a pessoa deixa de ter desejo em relação a esse mundo e suas coisas “prazerosas” sejam elas quais forem. Deixa de desejar até mesmo as coisas legitimamente boas. O prazer dela está somente em Deus e seu reino.

Você pode renunciar esta ou aquela das "minhas" posses; mas se, em lugar disso, você renunciar o "eu" e "meu", tudo é renunciado de uma vez só, e a própria semente da posse é destruída. Com isso corta-se o mal pela raiz. Mas a força do desapego deve ser grande para que isso seja possível. A ânsia de fazer isso deve ser igual à ânsia de alguém que está sendo afogado e tem que subir à superfície para respirar. O "eu" é fonte de todo mal, de toda treva, de toda ignorância. Ele é a fonte de todo conceito r pensamento distorcido, bem como todo mal hábito e ação. 

Isso é o que Paulo deixa claro nos textos a seguir:

“Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado (=mal) que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, 21. invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam”  (Rm 8.19-21 e Gl 5.19-21). Essa é a situação do não iluminado.

Por outro lado Paulo apresenta o procedimento do iluminado:  “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade. Mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5.22,23).

Jesus disse: “Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela”. E quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim Isso tem a ver com renúncia plena. Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á.  Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Que daria um homem em troca de sua alma? “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto” (Mt 7.13,14; 10.38; Mc 8.34-37; Jo 12.24). Tudo isso que Jesus disse acima tem a ver com a plena renúncia do “eu”.

Quem passa pelo novo nascimento é uma nova criatura e as coisas velhas têm que ter ficado para trás. Se não ficou, então não é uma nova criatura e se não é uma nova criatura, então, certamente, não nasceu de novo, e se não nasceu de novo, não está liberto, e se não está liberto é porque não conhece a verdade. É impossível conhecer a verdade e não ser liberto.

Então a libertação é a do nosso "eu". Quando nos libertamos do nosso "eu", somos verdadeiramente livres de tudo, plenamente livre. Não precisamos mais nos preocupar com a perdição, como o diabo, com enganação, com doenças, com o medo, enfermidades, com o pecado etc.  Essa é a única e verdadeira libertação da qual todos nascem precisando.

Existe uma tremenda carência espiritual no nosso mundo. É uma fome que não está sendo satisfeita. Idealmente, a religião deveria ser o portal para nossa espiritualidade, mas na maioria das vezes isso não acontece. É preciso mais do que ir à igreja, orar, cantar, pregar e dar dinheiro aos pobres para desenvolver a espiritualidade. É necessário ter uma compreensão das verdades espirituais e colocá-las em ação nas nossas vidas cotidianas. Infelizmente, às vezes as verdades ensinadas pela religião são distorcidas pela interpretação pessoal, e o medo de Deus substitui o amor a Deus. Resta a cada um de nós separar a verdade do dogma, o joio do trigo. 

Veja mais esta pagina aqui: O que é a Verdade?


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