O Novo Homem
Eu ensino um novo homem, uma nova humanidade, um novo conceito de ser no mundo. Eu proclamo o homo novus. O velho homem está morrendo e não há mais necessidade de ajudá-lo a sobreviver. O velho homem está em seu leito de morte: Não se lamente por isso - ajude-o a morrer. Porque somente com a morte do velho, o novo pode nascer. A cessação do velho é o começo do novo.
O homem tem vivido até agora não verdadeiramente, não autenticamente; O homem tem vivido uma pseudovida. O homem tem vivido numa grande patologia, muito doente. E não há necessidade de viver nessa patologia - podemos sair da prisão, porque a prisão é feita por nossas próprias mãos. Estamos na prisão porque decidimos estar na prisão - porque acreditamos que a prisão não é uma prisão mas nosso lar.
Mas o que saiu errado? Porque o homem tem vivido por milhares de anos numa espécie de inferno? Por milhares de anos o homem tem vivido com um conceito tal como num campo de batalha entre o mais baixo e o mais alto, o material e o espiritual, o mundano e o outro-mundano, entre o bem e o mal, entre Deus e o diabo. As consequências disso limitaram muito o potencial humano.
Até agora, a humanidade tem sido esquizofrênica - porque lhe tem sido dito para reprimir, para rejeitar, para negar muitas partes do seu ser natural. E rejeitando-as, negando-as, você não pode destruí-las - elas simplesmente vão para o subterrâneo. Elas continuam funcionando a partir do seu inconsciente; elas se tornam realmente bem mais perigosas.
O homem é um todo orgânico. E tudo que Deus deu ao homem tem que ser usado; nada deve ser negado. O homem pode se tornar uma orquestra; tudo que é necessário é a arte de criar uma harmonia em nosso interior.
Mas suas assim chamadas religiões têm ensinado a vocês caminhos de desarmonia, caminhos de discórdia, caminhos de conflitos. E quando você está lutando consigo mesmo você vai dissipando sua energia. Você permanece tolo, estúpido, ignorante - porque sem muita energia ninguém nunca é inteligente. Quando a energia transborda há inteligência. O transbordamento da energia é o que causa o crescimento da inteligência. E o homem tem vivido numa pobreza interior.
Minha mensagem para a humanidade é: Criem um novo homem - não dividido, integrado, completo. Buda não é completo, nem Zorba o Grego. Ambos são metade e metade. Eu amo Zorba, amo Buda. Mas quando olho no âmago mais profundo de Zorba, algo está faltando: ele não tem alma. Quando olho dentro de Buda, novamente algo está faltando: ele não tem corpo.
Eu ensino um grande encontro: o encontro de Zorba com o Buda. Eu ensino Zorba o Buda - Uma nova síntese. O encontro do céu com a terra, o encontro do visível com o invisível, o encontro de todas as polaridades - do homem com a mulher, do dia com a noite, do verão com o inverno, do sexo com o samadhi. Somente com esse encontro um novo homem surgirá na terra.
Meus sannyasins, meu povo, são os primeiros raios desse novo homem, desse homo novus.
As religiões antigas acreditavam na renúncia. Renúncia tem sido uma maldição. Eu trago uma benção para vocês: Eu ensino regozijo, não renúncia. O mundo não tem que ser renunciado, pois Deus não renunciou ao mundo - porque você deveria? Deus é... porque você ficaria fora disso?
Viva em sua totalidade – e viver a vida na totalidade traz transcendência. Assim o encontro da terra com o céu é tremendamente belo; não há nada errado. Depois as polaridades desaparecem uma na outra e os pólos opostos se tornam complementares.
Mas o velho homem não era realmente humano. Ele era um humanóide, um homo mechanicus - um homem que não é realmente completo. E o homem que não é completo nunca pode ser santo.
O novo homem está vindo, chegando, todos os dias. Ele é uma minoria, é natural - mas os novos mutantes chegaram, as novas sementes chegaram. E este século, o fim desse século, verá ou a morte de toda a humanidade ou o nascimento de um novo ser humano.
Cuidado! Cuidado com os seus políticos - eles são todos suicidas. Cuidado com o velho condicionamento o qual divide vocês em indianos, alemães, japoneses, americanos. O novo homem tem que ser universal. Ele transcenderá todas as barreiras de raça, religião, sexo, cor. O novo homem não será nem do Ocidente nem do Oriente; o novo homem irá declarar a terra inteira o seu lar.
VOCÊ não precisa ser exteriormente pobre para ser interiormente rico. E se você for exteriormente rico pode ser interiormente rico também. Assim tem sido até agora - o Ocidente escolheu: ser exteriormente rico! o Oriente escolheu de outra maneira: Ser interiormente rico! Ambos estão desequilibrados. Ambos têm sofrido, ambos estão sofrendo.
O novo homem não é nenhum campo de batalha, nenhuma personalidade dividida, mas a imagem de um homem unificado, único, completamente sinérgico com a vida em sua totalidade. O novo homem incorpora uma imagem mais viável, mais mutante, uma nova maneira de ser no cosmos, uma maneira qualitativamente diferente de perceber e experienciar a realidade. Portanto, por favor, não lamente a passagem do velho. Alegre-se que o velho esteja morrendo, a noite está morrendo e o amanhecer está no horizonte.
Estou contente, plenamente contente, porque o homem tradicional está desaparecendo - pois a velha igreja está virando ruínas, pois os velhos templos estão desertos. Estou imensamente contente porque a antiga moralidade está caindo por terra.
O novo homem será um místico, um
poeta, um cientista, tudo junto. Ele não irá olhar para a vida através das
velhas divisões corroídas. Ele será um místico pois ele irá sentir a presença
de Deus. Ele será um poeta pois ele irá celebrar a presença de Deus. E ele será
um cientista pois ele irá pesquisar essa presença através da metodologia
científica. Quando um homem for todos os três reunidos, o homem está completo.
Este é meu conceito de um homem santo.
O velho homem era repressivo, agressivo. O velho homem tinha que ser agressivo por que a repressão sempre traz agressão. O novo homem será espontâneo, criativo.
Regozije-se! O novo homem está chegando, o velho está indo. O velho já está na cruz e o novo já está no horizonte.
Osho, Philisophia
Perennis, Volume 2 Chapter 2
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